Newsletter da Comunidade Shalom

Por que hoje é um dia especial? Por que será que temos a necessidade de ter um dia dos professores? Será um dia comercial, impulsionado pelo comércio para movimentar a economia?

Talvez? Então será que devíamos deixar de ter um DIA DOS PROFESSORES? Acho que sim.

Acho que sim, não porque é um dia comercial, mas porque acredito que não é suficiente ter apenas um dia dos professores para homenagear essa vocação. Porque ser professor não é uma profissão, não é para todo mundo. É uma vocação, é um caminho de vida.

Só temos um dia dos professores porque talvez ainda não saibamos dar o devido valor a eles. Àqueles que se dedicam diariamente a desenvolver outros seres humanos a serem quem melhor podem ser, a encontrarem suas raízes, seus potenciais e ajudar a pavimentar o caminho para os novos descobrimentos.

Dia 15 de outubro é dia dos professores no Brasil porque Dom Pedro I decretou nesta data que “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”. Isso aconteceu em 1827, abrindo a população para a conscientização dessa função tão fundamental de qualquer sociedade.

Aconteceu SÓ em 1827. Digo “SÓ” porque já no Talmud (Baba Batra 21a) Ioshua ben Gamla, que viveu no primeiro século da era comum, já declarava que toda cidade e todo vilarejo deveriam ter um professor. Porque não adianta sermos o povo do livro se não soubermos ler do livro, nem interpretar o livro.

Para poder ler, precisamos de ferramentas. Para poder interpretar precisamos entender e relacionar o que o texto disse e o que o texto diz. Disse para gerações passadas e diz para nossa geração. Porque além de tudo isso, é necessário ter confiança em nós mesmos.

E são os professores que nos dão as ferramentas que necessitamos para poder descobrir um texto, descobrir um fato, descobrir um evento. E são os professores que nos desafiam a olhar para o texto, a história e para o hoje e criar relações. Relações que perdurem e que abram portas para criar novas conexões e interpretações no futuro. São os morim que acreditam em nós todos os dias, abrindo nossos olhos e corações para um mundo novo.

Talvez no dia em que entendamos que os morim são a pedra fundamental de nossa sociedade, de nosso povo, de nossa tradição e de nós mesmos, talvez neste dia não precisaremos mais de um DIA DOS PROFESSORES. Porque vamos entender que todos os dias de nossas vidas deveríamos agradecer e honrar a todos os que se dedicam e se dedicaram a que pudéssemos ter uma vida de descobertas.

Mas enquanto não chegamos lá, expresso aqui todo meu carinho, meu reconhecimento, minha gratidão à todos os morim e morot que se dedicam ao crescimento intelectual, crescimento espiritual e ao eterno questionamento da nossa tradição, da nossa história e do nosso presente.

TODÁ RABÁ, muito obrigada

Redigido pela rabina Fê!