Newsletter da Comunidade Shalom

A resposta que virá primeiro à mente de qualquer pessoa que conhece algo da festa de Chanuká dirá que não. Que a comida típica são as fritas, como os latkes, por exemplo. E aqueles que acompanham o calendário das festas rapidamente corrigirão a palavra Chanuká por Shavuot (festa na qual temos o costume de comer lácteos).

E todas essas pessoas têm razão. Latkes (bolinhos de batata) e Sufganiot (sonhos) são as comidas típicas de Chanuká.

Comer essas frituras, ou outras, nos lembra do milagre do azeite. Quando finalmente os Macabeus conseguiram reconquistar o Templo, durante a limpeza e organização somente encontraram um pequeno pode de azeite lacrado. Isso queria dizer que apenas esse pote de azeite não tinha sido profanado pelos Helenistas. Mas eles tinham pressa para reabrir o Templo, que já havia ficado abandonado e profanado por muito tempo. Por isso, mesmo só havendo um pouquinho de óleo para acender a grande Menorá que havia na entrada, o suficiente para durar um dia, decidiram acender, enquanto providenciariam mais óleo, já que a Menorá deveria estar constantemente acesa.

O grande milagre é que esse pouquinho de óleo durou 8 dias, tempo suficiente para produzir mais. Isso significa que uma vez acesa, ela não se apagou mais, como deveria ser.

Então de onde tirei a ideia de perguntar sobre queijos em Chanuká?

De uma história, que aparentemente não está relacionada com Chanuká, mas que já está intrinsecamente ligada à essa festa. Os sábios afirmam que pelo mérito de uma mulher, chamada Judith, é que a história relatada em Chanuká foi vitoriosa. Ela era uma viúva muito bela, muito correta e temente a Deus. Mas, inconformada com a atitude da liderança resolve bolar um plano. Um plano de sedução para chegar até o chefe do exército inimigo.

Consegue conquistá-lo e em um banquete que ele mesmo oferece bebe muito mais vinho do que deveria. Dormindo profundamente em sua cama, Judith levanta a espada inimiga e corta a cabeça dele. Com sua morte, todos os soldados se retiram, e isso dá fim à batalha, ao cerco e a perseguição. Diz-se que a façanha de Judith ficou tão conhecida que por vários anos após sua morte o território de Iehudá continuava em paz.

Ok, e o queijo? 

Ah, claro: a tradição diz que Judith, sabiamente, incluiu no banquete uma grande quantidade de queijos, daqueles bem salgados, para garantir que ele continuasse bebendo e bebendo. Para que ela pudesse levar a cabo seu grande plano.

Por isso, supostamente, temos o costume de comer queijos e vinhos em Chanuká, para nos lembrarmos da valentia de Judith. Mas devemos maneirar, porque beber demais nos faz “perder a cabeça” (literalmente).

Chag Urim Sameach 

Rabina Fernanda