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Ameaça

29/04/2022 10:47:03 AM

Apr29

Rabina Fê

Todos os anos, no dia 27 de Nissan, recordamos a memória de todos aqueles que atravessaram o horror que foi a Shoá e os que perderam suas vidas para ele. Todos os anos vemos depoimentos, relatos, fotos e vídeos deste episódio tão sofrido do nosso povo e de outros grupos que também causaram medo na liderança.

A história de Pessach começa com um faraó que tinha medo do povo hebreu, de que poderiam se levantar contra o Egito. E a melhor maneira que o faraó naquela época encontrou para acabar com o perigo foi colocá-los em trabalhos forçados.

A Shoá é uma repetição muito mais agressiva dessa mesma história. Baseado em que o faraó se sentia tão ameaçado pelos hebreus? Baseado em que Hitler desenhou todo o esquema de trabalhos forçados e mortes?

O “sentir-se ameaçado” é algo muito assustador. É uma porta rangendo se transformando numa invasão domiciliar. É a sombra de uma mosca perto demais da fonte de luz que se transforma em um monstro.

Mas, isso fala muito mais do assustado do que o que assusta. A porta continuará sendo uma porta inofensiva, seja lá por onde olhemos. A mosca também. O que o que se sente ameaçado vê é um reflexo direto de seu interior.

A resposta agressiva, violenta e humilhante é uma maneira de tentar retomar o controle de seus próprios sentimentos. Tentando garantir a superioridade em relação àquela ameaça (inexistente), mas essa solução não assegura a paz de espírito, muito pelo contrário.

Isso se expressa na escalada da violência e no plano organizado e determinado do governo nazista de tentar anular a ameaça. Cada vez mais investimento, mais preparação para subjugar o “inimigo” que já estava enfraquecido (e pela lógica com cada vez menos capacidade de ameaçar).

Há quase 80 anos do final deste capítulo nefasto da nossa história e da história mundial, precisamos nos perguntar se a humanidade já entendeu que diminuir o outro não nos faz maiores, e sim menores. Que violentar o outro não nos faz corajosos e sim covardes.

Será que em algum momento poderemos resolver nossas diferenças de outras formas, sem humilhar ou abusar de força bruta? Será que em algum momento vamos nos preocupar em entender nossos medos ao invés de atacar o que me assusta?

A memória daqueles que atravessaram o horror da Shoá, sobrevivendo ou não, deve nos lembrar diariamente, e especialmente neste dia de Iom HaShoá, que a resposta ao medo não é a violência, e sim o acolhimento.

Que suas memórias nos abençoem com a esperança e a responsabilidade de tornar este mundo em um lugar melhor, com mais empatia e solidariedade. 

Thu, 26 June 2025 30 Sivan 5785