Você é um lifelong learner? De acordo com Conrado Schlochauer, empreendedor e ativista da aprendizagem, lifelong learning (aprendizagem ao longo da vida) “é um tema que vem sendo discutido há, pelo menos, quarenta anos. Grandes nomes, como Bill Gates, se valem dela para permanecer em constante desenvolvimento”.
Na nossa tradição, aprender ao longo da vida já é um tema milenar! Aprender de forma permanente é um jeito judaico de agir no mundo, junto às nossas famílias, comunidades e em nossos ofícios.
Para além de “lifelong”, o ato de aprender é cultivado na tradição judaica como um hábito compartilhado: desde a interlocução típica de uma chevruta (modelo de estudos em duplas) até o clima acalorado digno de um Beit Midrash (sala de estudos) que, como bem lembrou a Rabina Fernanda durante a última tarde de domingo, não deve ser um lugar de silêncio como antigas bibliotecas, mas de muito diálogo e debate.
Na Comunidade Shalom nós também nos conectamos à tradição, sempre renovada, de aprender coletivamente. A Kehilá Lomedet - Comunidade que Aprende, é uma iniciativa que surgiu focada no desejo de aprendermos mais sobre o próprio DNA da Shalom: o movimento Masorti. Queremos entender melhor quem nós somos. Recentemente acrescentamos ao nome da Comunidade Shalom o título de Sinagoga Masorti de São Paulo e com isso veio o anseio de conhecermos com profundidade o significado desta identidade. A Kehilá Lomedet é um projeto de toda a comunidade para toda a comunidade. Juntos, aprendemos por meio de nossas próprias perguntas e, também com os insights e descobertas de nossos pares.
A primeira fase da Kehilá Lomedet aconteceu ainda na pandemia, durante a qual tivemos a oportunidade online de nos conectarmos à história do movimento Masorti. Na segunda fase, ampliamos o repertório com temas atuais, explorando como o movimento se renova e ressignifica práticas judaicas sem perder o vínculo com a Halachá, com as leis, com as fontes.
A terceira fase aconteceu presencialmente, no último domingo, na própria Shalom. Vivenciamos jogos, atividades mão na massa e um incrível debate, com a participação à distância da Rabina Diana Villa, direto de Jerusalém. O encontro repleto de aprendizagens foi encerrado com uma apresentação vibrante da contadora de histórias Andi Rubinstein, acompanhada pelos músicos da Shalom, Beni e Marcelo. O refrão composto por Andi a partir de uma instigante conversa com o Rabino Adrián, ficou ecoando nos ouvidos dos participantes: “O novo e a tradição, não há contradição, é possível integrar… A minha iídiche mame, aqui lê a Torá!”
Simone Kubric Lederman