Viagem Marrocos
24/11/2022 10:17:36 AM
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Entre os dias 25/10 e 9/11 viajei com um grupo desta comunidade para conhecer a história e costumes judaicos do Marrocos. É a terceira vez que tenho esse privilégio. Em 2017 fomos a Portugal e em 2019 a China.
A intenção deste texto é compartilhar um pouco sobre a história dos judeus naquele país onde há relatos de judeus anteriores ao exilio da Babilônia, com uma das 12 tribos de Jacob. Não se sabe ao certo em que ano, mas há teorias que a tribo de Efraim esteve em Ifrane (daí o nome), onde há um dos muitos que pudemos testemunhar pelo caminho cemitérios judaicos, mas só Em Volubilis, perto de Meknes há uma ruína, de uma cidade romana datada do sec. III dec. aonde foram encontrados alguns objetos como chanukia, por exemplo, que teriam sido trazidos de Jerusalém pelos judeus após o segundo exilio que se comprova a presença judaica arqueologicamente. Há registros históricos também dessa época comprovando que Rabi Akiva teria visitado varias comunidades no Magrebe e que essas comunidades eram bem organizadas e tinham muita autonomia. No dia que visitamos Volubilis, tivemos uma experiência de degustação em uma vinícola que hoje produz, além de azeites de ótima qualidade, vinhos casher e casher lepessach inclusive muito bons!!
A história daquela região não é nem nunca foi tranquila. No século IV dec, o cristianismo se torna a religião do Império Romano. Discriminados, os judeus veem seus antigos direitos civis abolidos e suas sinagogas transformadas em igrejas. Muitos deixam as cidades litorâneas, refugiando-se entre os berberes, nas montanhas Atlas. O imperador Justiniano desencadeia um período de cruel perseguição aos judeus. Depois os visigodos tomam o Marrocos e a vida dos judeus também não melhora. As perseguições na Espanha e as conversões forçadas fazem com que milhares busquem as cidades da costa marroquina, buscando mais uma vez refúgio entre os berberes. Por volta do ano de 630, surge o Islã, novo poder militar e religioso que muda a geopolítica da região e mais uma vez para os judeus, a conquista árabe foi um período de grande sofrimento, em que inúmeras comunidades foram totalmente arrasadas mas os berberes do Atlas resistiram e um grande número de judeus se aliou a eles, organizando uma resistência armada que duraria 25 anos com um fator bem interessante que nos chama a atenção: A história de Kahena, uma rainha judia de tribo berbere (de Jerawa). Principal líder na luta contra as forças islâmicas, entre 687 e 697!!
Estudiosos como H. W. Hirschberg questionam o fato e até mesmo a possibilidade de que tribos berberes inteiras se tenham convertido ao judaísmo naquela época talvez pela liderança dela, talvez pelo longo convívio posterior a esse.
Somente as comunidades do interior, menores e mais isoladas, continuaram a viver como sempre o tinham feito muitas destas sobrevivendo, intocadas, até meados do século 20. Quando visitamos as kasbas e kasares aprendemos muito sobre o modo de vida destas comunidades. As kasbas são casas fortificadas - (origem berbere) - feitas de abobe - onde os judeus também viviam. Em Taourit que hoje ainda é habitada, por exemplo - perto de Ouzazarte, região do médio Atlas foi onde o rabino Abuhatzeira, também conhecido como Baba Sali viveu. Conhecemos o modo de vida também de um Kasar, que é um pouco diferente. Uma aldeia fortificada por assim dizer, que protegia a população de bandidos, piratas e tribos nômades que assaltavam depois da colheita.
Os judeus não eram os únicos a sofrer com a instabilidade política da região, onde por séculos, com espantosa regularidade, os períodos de paz eram alternados por outros, de turbulência e matança. Conhecidos por dhimmis - não-muçulmanos (os que se recusavam à conversão) os judeus tinham que se submeter a uma série de leis, cujo rigor dependia da boa vontade de cada governante. Para terem permissão de viver lá, eram obrigados a pagar altos impostos ”suportáveis” em tempos de paz, e impossíveis em épocas de guerra. Esses impostos eram a maior fonte de renda dos cofres públicos e isso explica o interesse na prosperidade judaica e no fato de que, assim que novas cidades, medinas e novas mellahs - bairros reservados aos judeus, serem fundadas. Explica também o número reduzido de conversões forçadas, já que, uma vez convertidos, não pagariam mais impostos.
Visitamos várias mellahs. Fomos a Casablanca, Rabah, Tanger, Tetauen, meknes, Marrakesh e em todas elas pudemos ver o socco (shouk, mercado), ruas da sinagoga- algumas delas com 18 sinagogas em uma só rua! E pudemos ter uma ideia de como era a vida da comunidade no final do sec VXIII. As sinagogas que visitamos eram principalmente comunidades de “megurashim”.
Isso: existem as comunidades de “toshavim”, dos que já se encontravam no Marrocos antes da inquisição e que tinham costumes diferentes daqueles que recorreram aos pais depois da expulsão da Espanha da inquisição, que ficaram conhecidas como os megurashim, que quer dizer os expulsos. Podemos então entender aqui que, esta recepção não se deu de forma amigável e a comunidade ficou dividida entre essas 2 denominações, identidades.
Hoje vivem no Marrocos cerca de 6.000 judeus, sendo que a maioria está em Casablanca. Em 1956, o Marrocos se tornou independente e muda a estrela de 6 pontas de sua bandeira para a de 5 pontas. É fácil encontrar em prédios públicos e antiguidades a estrela de 6 pontas, o maguen David, que identificamos como símbolo judaico, mas muitas vezes é a estrela da bandeira nacional marroquina. Ao voltar do exílio e retomar o governo de sua nação, o rei Mohamed V concede igualdade de direitos aos judeus e os insere na vida pública, mas por pouco tempo. Em 1961, o rei Hassan II, da dinastia Alaouita, sobe ao trono, reverte a política do pai no tocante aos judeus, permitindo-lhes, finalmente, emigrar para Israel. Mas, apesar da proteção do Sultão, são intensos, no país, os sentimentos antijudaicos e as agitações contra a comunidade atingem o pico em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. É nesse momento que a maioria da comunidade deixa o país.
Hoje as relações com Israel são amigáveis e o turismo judaico está voltando. Encontramos vários grupos de Israel por onde passeávamos. Estivemos na cidade azul tchelet, na gruta de Hercules, onde os oceanos atlântico e mediterrâneo se encontram, no deserto do Saara vendo o sol nascer montados nos camelos, vimos oásis, museus, riads, visitamos em Fez, cidade do rabino Al Fassi, a universidade mais antiga no mundo onde Maimonides (Ibn Maimon) estudou e vimos sua casa. Em 13 dias aprendemos muito, rimos muito formamos uma família com o nosso guia, o Moha, sempre de bom humor, mashalá, que nos ensinou que: “cultura é o que fica quando a memoria se vai” #fica a dica. E fica a dica também: quem puder estar conosco na próxima viagem com a Shalom, será muito bem vindo.
Shabat Shalom!
Rachel Reichhardt
Thu, 26 June 2025
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