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9° Jornada Social

09/12/2022 09:52:36 AM

Dec9

Quinta feira, dia 1/12, chegamos à Santarém. Nossa primeira pausa foi no Mercadão local, ao meio dia a maioria das bancas já estava fechada, mas fomos recebidos pela Dona Rosa, que nos ofereceu para experimentar frutas doces e azedas, algumas que conhecemos de nome, outras que conhecemos com nomes diferentes e outras totalmente desconhecidas. 

Em outra banca fomos excelentemente bem recebidos. Esta era a banca das ervas “medicinais”. Alí, além de ervas e cascas de árvore nomeadas incluindo muitas vezes suas funções a barraca estava cheia de garrafas PET. Algumas com nomes mais simples, como “óleo de andiroba”, outras mais duvidosas “garrafada para diabetes”. Num clima descontraído os donos da barraca nos mostravam o que eram as coisas e como usar “leite de sucuba” e outras tantas coisas estranhas aos nossos olhos.

No dia seguinte, bem cedinho de manhã, foi o momento de nos despedirmos do celular, não porque já fosse horário do Shabat, mas porque estávamos saindo da cidade em direção da comunidade da Vila do Anã, e alí, o celular não pega. Foi nesse momento que a Jornada realmente começou a mostrar sua beleza!

No meio da mata exuberante vive uma comunidade incrível. Nos receberam bem, contaram de sua cultura, de suas tradições, alimentações e força de trabalho. Num redário redondo, amarramos nossas redes e Dona Odila nos ensinou como dormir, eu nunca imaginei que tinha que ser na diagonal da rede e meio de lado. Mas além das pessoas amorosas, também fomos recebidos por marimbondos, sapos, aranhas e bugios.

As meliponas, as abelhas sem ferrão que conhecemos lá, são parte importante da economia local, e seu mel, totalmente líquido, retirado com uma seringa, tem um gosto alimonado.

Pudemos compartilhar com algumas pessoas nosso Cabalat Shabat, mas foi só depois da Havdalá que a aventura começou, chovia e tínhamos que carregar nossas coisas à luz de lanterna até uma lancha, que nos levaria ao barco. Essa pequena travessia, iluminada a cada tanto pelos raios, foi um tanto assustadora, já que as águas do rio estavam agitadas demais. Finalmente chegamos ao barco que serviria de casa até o último dia de expedição. Mais uma vez amarrando as redes (ainda bem que nos ensinaram a dormir lá, essa seria nossa cama até o final da Jornada Social).

O trabalho mesmo começou pela manhã. O grupo estava composto por 10 voluntários vindo pela Jornada Social, do Marom SP - Comunidade Shalom, mais duas voluntárias direto da ONG Zoé e um médico oftalmologista (também voluntário) que nos orientou como seria o trabalho, além dos três coordenadores da Expedição, igualmente voluntários. 

O barco atracou na comunidade, descemos e nos instalamos no maior salão que eles tinham e começamos a fazer as fichas, exames de acuidade visual, fotos de fundo de olho, medição de pressão ocular e busca de cataratas. Era uma expedição de triagem, nessa oportunidade nem óculos, nem cirurgias serão feitas. Isso acontecerá na próxima Expedição da Zoé.

Almoço no barco enquanto íamos para outra comunidade. Jantar e banho no rio Arapiuns (banho mesmo, com shampoo, condicionador etc.). À noite, em prainhas desertas entre uma comunidade e outra, fazíamos fogueira, dançamos e conversamos com a equipe de médicos, enfermeiros, técnicos, dentistas e tantos outros profissionais da saúde do Abaré II.

Assim é a rotina no barco que acompanha o Abaré II, o barco-UBS do SUS, com parceria da UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará). Alí a população se aproximava para tomar vacinas, ter suas consultas médicas e também odontológicas.

Essa atenção médica é essencial para essas pessoas que não conseguem ir até Santarém para consultas de rotina (e às vezes nem para emergências). Viagens que podem levar até 5 horas numa lancha (mas que podem se estender ainda mais).

Posso dizer que foi uma das experiências mais incríveis que tive em minha vida, e confesso ter ficado triste em ter que voltar na metade. Mas por sorte nossos voluntários da Jornada Social em parceria com a ONG ZOÉ ainda ficaram e puderam levar atenção médica para muitas outras comunidades e aldeias do esquecido rio Arapiuns.

Rabina Fê

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